A Suméria é a civilização mais antiga da humanidade e localizava-se na parte sul da Mesopotâmia (atual sul do Iraque), apropriadamente posicionada em terrenos conhecidos por sua fertilidade, entre os rios Tigre e Eufrates.
Evidências arqueológicas datam o início da civilização suméria em meados do quarto milénio a.C., entre 4500 e 4000 a.C. Ela foi formada por povos vindos do planalto do atual Irã, fixaram-se na Caldéia, sul da Mesopotâmia, no final do Neolítico (por volta de entre 5000 a.C.).
Estes povos autodescreveram-se como sag-gi-ga (“o povo de cabeças negras“) e chamaram sua terra Ki-en-gi, “o lugar dos senhores civilizados“. Os acadianos, que conquistaram a Suméria em 2369 a.C., os chamaram de shumer e possivelmente representa o nome desse povo num dialeto diferente.
Entre 3500 e 3000 a.C. houve um florescimento cultural, e a Suméria exerceu influência sobre as áreas circunvizinhas, culminando na dinastia de Ágade, fundada em aproximadamente 2340 a.C. por Sargão I, sendo que este, ao que tudo indica, seria de etnia e língua semitas.
Depois de 2000 a.C. a Suméria entrou em declínio, sendo absorvida pela Babilônia e pela Assíria.
Três importantes criações atribuídas aos sumérios são a escrita cuneiforme, que provavelmente antecede todas as outras formas de escrita, tendo sido originalmente usada por volta de 3500 a.C.; a urbanização, sendo sua cidades-estado de Eridu, considerada a o primeira cidade construída pelo ser humano; e a civilização, o estágio mais avançado da sociedade humana, caracterizada basicamente pela sua fixação ao solo mediante construção de cidades, daí derivar do latim civita que designa cidade e civile (civil) o seu habitante.
As Cidades-Estado da Suméria
As cidades estados eram erguidas em torno de um templo dedicado deus cuja a proteção a cidade competia. Junto aos templos eram construídos os zigurates, pirâmides de tijolos maciços cozidos ao sol – que serviam de santuários e acesso aos deuses quando desciam até seu povo. Os zigurates pode ter sido a inspiração para a Torre de Babel bíblica.
A maioria das edificações sumérias compreendiam estruturas planoconvexas feitas de tijolos de barro, desprovidas de argamassa ou cimento. Uma vez que tijolos planoconvexos são de composição relativamente instável, os pedreiros sumerianos adicionavam uma mão extra de tijolos, postos perpendicularmente a cada poucas fileiras. Aí então preenchiam as lacunas com betume, engaço, cana e cizânias.
Já os templos sumérios e palácios fizeram uso de materiais e técnicas mais avançadas como reforços (suporte para os tijolos), recessos (quinas), pilastras e pregos de argila.
As cidades-estados eram governadas por um líder chamado patési ou lugal (este último título de rei), auxiliado por uma aristocracia constituída por burocratas e sacerdotes, que cuidava dos interesses do rei, dos bens da casa real, do tesouro público, que recebiam os impostos etc…
As cidades sumérias eram defendidas por muralhas. O exército sumério consistia, em sua maior parte, na infantaria. A infantaria leve carregava machados de guerra, adagas e lanças. A infantaria de linha de frente também usava capacetes de cobre, capas de feltro e saias (kilts) de couro. Os sumérios inventaram a carruagem, à qual atavam onagros (burros selvagens), e usavam fundas e arcos simples.
A maioria da populaçã odedicava-se aos diversos afazeres, fazendeiros, barqueiros, pescadores, criadores, negociantes, artesãos, enfim… Ainda havia escravos, geralmente inimigos capturados, ou formas de pagamento de dívidas. Esses escravos porém, tinham alguns privilégios, como liberdade para se casar, por exemplo.
As “primeiras” cinco cidades que vieram a ser comandadas pela realeza pré-dinastica segundo registros, foram:
- Eridu (Abu Shahrain)
- Bad-tibira (Tell al-Madain)
- Larsa (as-Senkereh)
- Sippar (Abu Habbah)
- Shuruppak (Fara)
Outras principais cidades:
- Uruk (Warka)
- Kish (Uheimir & Ingharra)
- Ur (al-Muqayyar)
- Nippur (Afak)
- Lagash (al-Hiba)
- Girsu (Tello or Telloh)
- Umma (Jokha)
- Hamazi
- Adab (Bismaya)
- Mari (Hariri)
- Akshak
- Akkad
- Isin (Ishan al-Bahriyat)
Cidades menores (do sul ao norte):
- Kuara (al-Lahm)
- Zabala (Ibzeikh)
- Kisurra (Abu Hatab)
- Marad (Wannat es-Sadum)
- Dilbat (ed-Duleim)
- Borsippa (Birs Nimrud)
- Kutha (Ibrahim)
- Der (al-Badra)
- Eshnunna (Asmar)
- Nagar (Brak)
A Cultura
Apesar de que as mulheres poderiam alcançar um status mais elevado na Suméria do que em outras civilizações, a cultura permanecia predominantemente masculina.
Segundo a tradição suméria, os deuses criaram o ser humano a partir do barro com o propósito de serem servidos por suas novas criaturas. Quando estavam zangados ou frustrados, os deuses expressavam seus sentimentos através de terremotos ou catástrofes naturais: a essência primordial da religião suméria baseava-se, portanto, na crença de que toda a humanidade estava à mercê dos deuses.
Cada um dos deuses sumérios era associado a cidades diferentes, e a importância religiosa a eles atribuída intensificava-se ou esmorecia dependendo do poder político da cidade associada
Os sumérios acreditavam que o universo consistia num disco plano fechado por uma cúpula de latão. Já a vida após a morte envolvia uma descida ao vil submundo, onde se passava a eternidade numa existência deplorável, em uma espécie de inferno.
Os templos sumérios consistiam de uma nave central com corredores em ambos os lados, flanqueados por aposentos para os sacerdotes. Numa das pontas do corredor achavam-se um púlpito e uma plataforma construída com tijolos de barro, usada para sacrifícios animais e vegetais.
Os sumérios construíram sistemas legais e administrativos com cortes judiciais e prisões. A invenção da escrita possibilitou aos sumérios o armazenamento do conhecimento e a possibilidade de transferi-lo a outros. Isso levou à criação de escolas, à educação e oficialização da matemática, religião, burocracia, divisão de trabalho e sistema de classes sociais.
Língua e Escrita
A língua suméria não está diretamente relacionada a nenhuma outra língua conhecida.
Os sumérios inventaram a escrita no final do IV milênio antes de Cristo. A escrita sumeriana usava o sistema cuneiforme, caracteres em forma de de cunha.
Inicialmente utilizava um sistema pictográfico, onde o objeto representado expressava uma idéia, gravados em diversos objetos, como estátuas ou tijolos. Depois foram substituídos por símbolos escritos em tábuas de argila por estiletes.
A Ciência
Os sumérios criaram sistema de medidas de capacidade, de superfície e de pesos; Desenvolveram também conceitos matemáticos usando sistemas numéricos baseados em 6 e 10. Possuiam réguas graduadas.
Dividiram os dias em 24 horas iguais, 12 Danna (horas duplas) e dividiu as horas em 60 minutos. Possuiam um calendário com 12 meses.
Na farmácia, usava-se substancias vegetais, animais e minerais. Laxantes, purgantes e diuréticos formavam a maioria dos remédios daquele povo. Determinadas cirurgias também eram postas em prática.
Eles utilizavam vários objetos e ferramentas como serras, couro, cinzéis, martelos, braçadeiras, brocas, pregos, alfinetes, anéis, enxadas, machados, facas, lanças, flechas, espadas, cola, adagas, odres de água, caixas, arreios, barcos, armaduras, aljaves, bainhas, botas, sandálias e arpões. Aos sumérios são atribuídos a invenção da roda , do torno de oleiro, da carroça e da cerveja.
Os sumérios possuíam três tipos de barco: os barcos de pele, feitos a partir de cana e peles de animais; os barcos a vela, caracterizados por serem feitos com betume, sendo à prova d’água; e os barcos a remo (com remos feitos de madeira), às vezes usados para subir a correnteza, sendo puxados a partir de ambas as margens do rio por pessoas e animais.
Os sumérios são geralmente considerados os inventores da astronomia, o estudo da observação dos astros. Nas ruínas das cidades sumérias escavadas por arqueólogos desde o princípio do século XX, foram encontradas muitas centenas de inscrições e textos deste povo sobre suas observações celestes. Entre estas inscrições existem listas específicas de constelações e posicionamento de planetas no espaço, bem como informações e manuais de observação. Os sumérios consideravam o sistema solar um conjunto de 12 planetas, contando o sol e a lua. O décimo planeta era chamado por eles de Nibiru, um planeta além de plutão com uma orbita muito extensa.
Economia
Os sumérios foram os primeiros a domesticar plantas e animais. Os sumérios mantinham uma produção de cevada, grão-de-bico, lentilha, ervilha, milhete, trigo, nabo, tâmara, cebola, alho, alface, Alho-poró e mostarda. Eles criavam bovinos, carneiro, cabra e porco. Além disso usavam bois como opção principal no trabalho de carga e burros como animal de transporte.
A agricultura suméria dependia muito da irrigação, por isso construíram canais, barragens, diques e reservatórios.
Os sumérios também pescavam peixes e caçavam aves selvagens ao longo do rio. A comida geralmente era abundante e, por isso, as populações cresciam.
A principal manufatura era a cerâmica suméria, que decorava vasos com pinturas em óleo de cedro. Os ceramistas utilizavam furadeiras arqueadas para produzir o fogo necessário ao cozimento da cerâmica.
Os pedreiros e ourives sumérios não só conheciam como faziam uso de marfim, ouro, prata, galena e lápis-lazúli.
Os sumérios manufaturavam salitre, conseguido a partir da urina, do cal, de cinzas e do sal. Eles combinavam esses materiais com leite, pele de cobra, casco de tartaruga, cássia, murta, timo, salgueiro, figo, pêra, abeto e/ou tâmara. A partir daí, misturavam esses agentes com vinho, usando o resultado obtido de duas formas: ou passando o produto como se fosse uma pasta, ou então misturavam-no com cerveja, consumindo o remédio por via oral.
Empreendedores e criativos, os sumérios estabeleceram relações comerciais com vários povos da costa do Mediterrâneo e do Vale do Indo, comercializando principalmente madeira dos povos dessas regiões.
CRONOLOGIA DA SUMÉRIA
- 5400 a.C. – Os sag-gi-ga, povo vindos dos planaltos a oeste do rio Tigre (atual Planalto do Irã), migram para o sul da Mesopotâmia, conhecida como Caldéia (atual sul do Iraque). Os acadianos os chamaram de shumer, de onde provem o termo sumério, nome qual ficaram conhecidos. Ali fundam a primeira cidade da Humanidade, a cidade-estado de Eridu.
- 2800 a.C. – Etana, rei da cidade-estado Kish, unifica todas as cidades sumérias e forma o primeiro Reino da Suméria, o primeiro da História da Humanidade.
- 2550 a.C. – Os acadianos, nômades semitas vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias. O contato os dois povos resulta uma síntese entre as culturas suméria e acádia, que se acentuou com a unificação dos dois povos.
- 2530 a.C. – Os elamitas, povos que vivem nas montanhas ao oeste do rio Tigre (atual montes Zagros, no sudoeste do Irã), dominam os sumérios e põe fim ao Reino da Suméria.
- 2450 a.C. – Os sumérios libertam-se do domínio dos elamitas. A liderança da Suméria foi disputada por Lagash, Ur, Uruk, Umma e Eridu, o que enfraqueceu os sumérios e tornou-os extremamente vulneráveis a invasores.
- 2369 a.C. – Sargão, o Velho, patési da cidade-estado acadiana de Acádia, unificou a maioria das cidades-estados sumérias e forma o Império Acadiano. Os acadianos assimilaram a cultura dos sumérios, embora, em muitos aspectos, as duas culturas mantivessem diferenças entre si, como por exemplo – e mais evidentemente – no campo religioso.
- 2154 a.C. – Os guti, nômades semibárbaros originários dos montes Zagros, conquistam a civilização sumério-acadiana, pondo fim ao Império Acadiano. A unidade política dos sumérios foi destruída pelos guti.
- 2141 a.C. – Os guti forma uma dinastia que passa a governar a Suméria.
- 2050 a.C. – Utu-hengal, rei da cidade suméria de Uruk, derrota o rei guti Tirigan e expulsa os guti da Suméria, dando a independência à cidades sumérias.
- 2047 a.C. – Ur-Nammu, rei da cidade-estado de Ur, reunifica as cidades-estados sumérias e forma um novo Reino da Suméria. Ur-Nammu também coloca sob seus domínios a Acádia, terras de seus antigos dominadores.
- 2040 a.C. – O rei sumério Ur-Nammu institui o Código de Ur-Nammu, o mais antigo código de leis da História da Humanidade.
- 1940 a.C. – Os elamitas invadem e destroem o Império Sumério. A invasão elamita destroi a civilização suméria, que cai sob domínio de povos estrangeiros, os amoritas ao sul e os hurritas ao norte. Os sumérios desapareceram da História, mas a influência de sua cultura nas civilizações subseqüentes da Mesopotâmia teve longo alcance.